quarta-feira, 23 de junho de 2010

A Fernando Pessoa




Parque dos Poetas


No teu quarto
das abstracções sempre possíveis
voluntárias
ondulam ainda por aí
no teu espólio
poemas limpos ou rasurados
reescritos
na página anjo do teu ser

Nasceram do teu pensar de génio
do teu sentir fragmentado
desassossegado
que imperiosamente
se disse em vozes distintas

As palavras dessa tua dispersão
materializaram
todos os teus EUS
que são OUTROS contigo
que te acompanharam
desde o dia em que nasceste
e ainda e sempre
aqui, hoje, agora que te foste

Tudo parece sonho na distância
dos séculos
mas a tua dor de seres
continua sempre e inequivocamente
connosco
com os que sentem como tu

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