quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Letra da música do 3º Bimestre

 Riobaldo fazendeiro do estado de Minas Gerais,
e sua vida de jagunço que não se arrependeu jamais,
fez um pacto com o diabo e deu a alma a satanás,
era um cabra muito macho que percorria o sertão,
abria o caminho na bala com seus companheiros e irmão.

No seu bando o que lhe agradava era seu amigo Diadorim,
conheceu quando menino e dele era meio afim,
quando estava junto dele dava calafrio sem fim,
dava arrepio até na nuca pra querer ter Diadorim.

Nas aventuras do jagunço conhece um dos seus heróis,
o chefe Joca Ramiro que tinha uma forte voz,
verdadeiro mito entre os jagunços que criaram esperança,
e no Joca Ramiro depositaram sua confiança.

Mas durou pouco tempo Joca foi traído,
apunhalado pelas costas por um grande amigo,
Riobaldo revoltado jurou uma vingança,
e persegue Hermogenes com uma sede de matança.

Mas tudo isso muda quando encherga Diadorim,
deixa a raiva de lado porque está lhe amando sim,
e atrás de Hermogenes continua a caminhada,
e a sua vingança é enfim saboreada.

Mas quem sai prejudicado é o caro Diadorim,
que no meio do combate leva um tiro no rim,
e com esse ferimento não aguentou até o fim.

Na hora de dar banho no corpo de Diadorim,
descobre por que dele era meio afim,
na verdade o grande amigo tinha um segredo sim,
por trás de tanta braveza era uma mulher sim.


quarta-feira, 26 de setembro de 2012

José Lins do Rego(1901-1957)

José Lins do rego foi um dos mais importantes escritores regionalistas do Brasil. Seus romances, com altos tons autobiográficos, tratam muitas vezes do ciclo da cana-de-açúcar e dos explorados por essa. José Lins do Rego era paraibano e nasceu ele mesmo num engenho. Estudou Direito no Recife e formou-se em 1923. Dois anos depois tornou-se promotor em MG e no ano seguinte mudou-se para Maceió, onde começou a escrever seus primeiros livros. Em 35 mudou-se para o RJ, onde começou a escrever para jornais e revistas. Não trabalhou em outra cidade desta data até sua morte. As obras de José Lins do Rego são altamente pessoais e ele é considerado o iniciador do novo realismo ou neo-realismo (escola literária moderna que se propõe a retratar o real mais objetivamente). Sua linguagem é mais descontraída e seus livros são populares não só com o público mas com a crítica. Sua primeira obra foi Menino do Engenho (sua obra-prima). Além de vários ensaios subseqüentes, escreveu também ensaios, livros de viagens, um livro infantil e também de memórias.

Fonte: www.entrouaprendeu.com.br

Principais obras:

Fogo Morto(1943), Menino de Engenho(1932)



Neorrealismo

O Neorrealismo foi a tendência de maior repercussão da prosa regionalista do Nordeste dos anos de 1930.
A principal característica foi assumir uma visão crítica das relações sociais, dando aos problemas regionais - a seca, o coronelismo, a extinção dos antigos engenhos açucareiros, a crise do patriarcalismo - uma dimensão universal.
Assim, essa geração redescobriu o Brasil e contribuiu para sua universalização, ao focalizar o regional com uma perspectiva política, predominantemente marxista. Além disso, os prosadores de 1930, depuraram consideravelmente as conquistas formais de 1922, como mostram as obras de Jorge Amado, José Lins do Rego e principalmente Graciliano Ramos, um clássico da literatura nacional, cuja produção repercute nas buscas estéticas dos escritores contemporâneos.






Fonte:  Livro de Língua Portuguesa - Coleção novas palavras

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Graciliano Ramos (1892-1953)

 Considerado o maior representante da geração neorrealista nordestina, Graciliano Ramos nasceu em Quebrangulo, Alagoas. Foi o primogênito de um casal sertanejo de classe média que teve quinze filhos.
Autodidata em literatura, elegeu-se prefeito da cidade de Palmeira dos Índios, renunciando ao cargo em 1930, por motivos políticos.

Fonte: Livro - Coleção Novas palavras nova edição. Volume 3.


Entre as  obras principais estão:
São Bernardo(1934),  Angustia(1936), Vidas Secas(1938).


Para saber mais sobre o autor e suas obras visite seu site Oficial: http://www.graciliano.com.br/


Felicidade é a certeza de que a nossa vida não está se passando inutilmente. - Erico Verissimo. 

Erico Lopes Verissimo (1905-1975)


Nasceu cm Cruz Alta, Rio Grande do Sul, em 17 de dezembro de 1905. Filho de família abastada que se arruinou economicamente, acabou trabalhando de farmacêutico, e na Livraria do Globo até que em 1931 transferiu-se em definitivo para Porto Alegre, onde se tornou diretor da Revista do Globo. 
O fim de seu anonimato veio com a publicação de Olhai os Lírios do Campo. Seu primeiro conto publicado tinha forte inclinação regionalista e chamava-se Ladrão de Gado. Alcançou o topo de sua carreira de escritor com O Tempo e o Vento, que conta a formação social do Rio Grande do Sul, verdadeiro monumento literário. Projetou-se no país e no exterior e conseguiu o difícil feito de profissionalizar-se como escritor, situação alcançada por muito poucos em língua portuguesa. 
Sentindo-se sufocado pelo Estado Novo, aceitou em 1943 um cargo como professor universitário em Berkley, nos EUA, mesmo não tendo concluído oficialmente o segundo grau. Durante a sua vida viajou muito, sobretudo nos anos 50, quando teve um cargo na União Pan-Americana. 
Infelizmente não chegou a completar o segundo volume de sua autobiografia, Solo de Clarineta, que seria uma trilogia, faleceu em 28 de novembro de 1975, em Porto Alegre.

Fonte: 
http://www.shvoong.com/

Entre outras obras, escreveu:
            Clarissima(1933), Caminhos Cruzados(1935),   Música ao Longe(1935).



sábado, 22 de setembro de 2012

Síntese da obra Grande Sertão: Veredas



O fazendeiro Riobaldo esclarece a um forasteiro que os tiros que o homem ouvira não eram de nenhuma briga, mas ele que estava atirando numa árvore, abaixo do córrego, praticando, como fazia desde moço. Inicia uma narrativa longa sobre o tempo em que fora jagunço e pertencia a bandos, e percorria o sertão, pilhando cidades, lutando, matando, fugindo da polícia. Acreditava ter feito um pacto com o diabo e, um dia, deveria encontrá-lo para acertar as contas. Vivera inúmeras aventuras, mas nenhuma comparava-se ao que sucedeu depois que conheceu outro jagunço, Diadorim, cujos olhos verdes o queimavam. Diadorim perturbava-o, mas não sabia porquê.
Riobaldo era um homem corajoso, não fugia de brigas, não temia outros jagunços. A vida deixara-lhe bruto por fora, mas conservava uma sensibilidade que o levava a refletir sobre coisas. "(...) Mestre não é aquele que ensina, mas aquele que aprende. (...)" Era um filósofo sertanejo, que enxergava na amplidão do sertão, mais que podia ser visto pelos olhos. "(...) O sertão é o mundo (...)". E pela vastidão desse mundo, deixou de ser jagunço para ser líder. No entanto, temia o encontro fatal com o diabo.
Quando criança, Riobaldo salvou outro garoto de ser violentado por um homem, matando-o. Salvou Diadorim. Adultos, reencontraram-se, e Riobaldo viu-se enredado, sentiu-se frágil, atraído, queria cheirar o corpo de Diadorim, mas repelia essa vontade. Amaria Diadorim? Teve medo de si mesmo, ele que somente tinha medo do diabo. Pensava em Otacília, a mulher que o esperava, e fingia consolar-se.
A agonia de Riobaldo somente chegou ao fim, quando Diadorim foi baleado, morto. Ele chorou. Tirou o casaco de vaqueiro de Diadorim e teve o mistério revelado. Soube porque aquele homem perturbava-o: seu corpo era de mulher, Diadorim era muher. Uma mulher que fingira ser homem para ser jagunço e vingar-se de outro jagunço. Vivera uma farsa que impediu que Riobaldo confesasse seu amor. O medo que Riobaldo sentiu de si mesmo impediu que vivesse o amor. Sofreu.
Riobaldo descobriu, adiante, que não havia pacto com o diabo, que não estava preso a nada. Velho, restavam-lhe as lembranças do que não fora, e a certeza de que o diabo não existia, o que existia era o homem. O mais era travessia.


Foto reprodução da minissérie Brasileira produzida pela Rede Globo e exibida em 1985, baseada na obra homônima do escritor Guimarães Rosa.

Grande Sertão: Veredas - João Guimarães Rosa

Filme: PARA SALVAR UMA VIDA


O filme aborda suicídio, depressão, autoflagelação, isolamento, gravidez e outros assuntos trabalhados normalmente por assistentes sociais em prol de jovens e adolescentes. Mas fica a seguinte pergunta: o filme mesmo com tom sério, porém inspirador e com conteúdo cristão, conseguirá chamar a atenção de adolescentes e do público em geral?

Testemunho do projeto do filme para salvar uma vida.

João Guimarães Rosa

Em 1967, João Guimarães Rosa seria indicado para o prêmio Nobel de Literatura. A indicação, iniciativa dos seus editores alemães, franceses e italianos, foi barrada pela morte do escritor. A obra do brasileiro havia alcançado esferas talvez até hoje desconhecidas. Quando morreu, em 19 de novembro de 67, Guimarães Rosa tinha 59 anos. Tinha-se dedicado à medicina, à diplomacia, e, fundamentalmente às suas crenças, descritas em sua obra literária. Fenômeno da literatura brasileira, Rosa começou a escrever aos 38 anos. Depois desse volume, escreveria apenas outros quatro livros. Realização, no entanto, que o levou à glória, como poucos escritores nacionais. Guimarães Rosa, com seus experimentos lingüísticos, sua técnica, seu mundo ficcional, renovou o romance brasileiro, concedendo-lhe caminhos até então inéditos. Sua obra se impôs não apenas no Brasil, mas alcançou o mundo.

Guimarães Rosa Estreou com Sagarana (1946) além de Grande sertão: veredas, Corpo de baile, Manuelzão e Miguilim; No Urubuquaquá, No Pinhém, Noites do sertão, Primeiras estórias, Tutameia: Terceiras estórias, Estas estórias e entre outras obras.



 Porque eu só  preciso de pés livres, de mãos dadas, e de olhos bem abertos.
                                                             Guimarães Rosa

João Cabral de Melo Neto

1920 -1999
(...)E se somos Severinos 
iguais em tudo na vida, 
morremos de morte igual, 
mesma morte severina: 
que é a morte de que se morre 
de velhice antes dos trinta, 
de emboscada antes dos vinte 
de fome um pouco por dia 
.(...)

 Morte e Vida Severina

João Cabral de Melo nasceu no Recife. Diplomata de carreira, em 1969 foi eleito para a Academia Brasileira de letras.
Um episódio interessante da travessia artística de João Cabral foi seu afastamento da geração de 45, à procura de uma “nova objetividade’ - expressão mais contundente que o “neorrealismo” -, à busca quase científica de uma pureza expressiva sem igual em nossas letras. No entanto, nunca deixou de lado a dimensão social, o engajamento político de sua poesia. Ao contrário, a capaciade de conciliar ambas as coisas - o objetivismo formal e a participação social - constitui a mais importante de suas características literárias.

João Cabral estreou em poesia em 1942, com a coletânea Pedra do sono. O engenheiro, Pisicologia da composição, o cão sem plumas, o rio, Duas águas ( que inclui o poema dramatico “Morte e vida Severina”) A educação pela pedra, Poesias completas, Museu de tudo, A escola das facas, Auto do frade e Agrestes, constituem os seus trabalhos fundamentais.

MARIA CARMEN, Retirantes, 1991

Clarice Lispector

1925-1977

''TUDO É O OLHAR"
Não te amo mais
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis
Tenho certeza que
Nada foi em vão
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada
Não poderia dizer mais que
Alimento um grande amor
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
Eu te amo!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais…”


Clarice Lispector, (Leia de baixo para cima!)

Clarice Lispector nasceu na Ucrânia, na aldeia Tchetchenilk, no ano de 1925. Os Lispector emigraram da Rússia para o Brasil no ano seguinte, e Clarice nunca mais voltou á pequena aldeia. Fixaram-se em Recife, onde a escritora passou a infância. Clarice tinha 12 anos e já era órfã de mãe quando a família mudou-se para o Rio de Janeiro. Entre muitas leituras, ingressou no curso de Direito, formou-se e começou a colaborar em jornais cariocas. Casou-se com um colega de faculdade em 1943. No ano seguinte publicava sua primeira obra: “Perto do coração selvagem”. A moça de 19 anos assistiu à perplexidade nos leitores e na crítica: quem era aquela jovem que escrevia "tão diferente"? Seguindo o marido, diplomata de carreira, viveu fora do Brasil por quinze anos. Dedicava-se exclusivamente a escrever. Separada do marido e de volta ao Brasil, passou a morar no Rio de Janeiro. Em 1976 foi convidada para representar o Brasil no Congresso Mundial de Bruxaria, na Colômbia. Claro que aceitou: afinal, sempre fora mística, supersticiosa, curiosa a respeito do sobrenatural. Em novembro de 1977 soube que sofria de câncer generalizado. No mês seguinte, na véspera de seu aniversário, morria em plena atividade literária e gozando do prestígio de ser uma das mais importantes vozes da literatura brasileira.


Clarice lispector estrou com Perto do Coração selvagem, além de outros romances como O lustre, A cidade sitiada, A maça no escuro, A paixão segundo G. H., Uma aprendizagem ou o Livro dos prazeres, Água viva, A hora da estrela, Laços de família, Felicidade clandestina, Um sopro de vida e A bela e a fera, constituem outras obras da escritora.


A terceira geração modernista brasileira



No capítulo 8, estudamos três grandes autores que se contrapõem ao caráter “passadista” da produção literária da geração de 45: João Guimarães Rosa e Clarice Lispector, na prosa, e João Cabral de Melo Neto, que chegou a pertencer à geração de 45, na poesia.
Vimos que consideram a literatura constante pesquisa de linguagem, expressão artística à ideia caracterizada pela singularidade estética, associando tal consciência artística à ideia do senso do compromisso entre arte e realidade, do engajamento do escritor e de sua obra na vida social.
Sendo assim, retomam a perspectiva nacionalista da primeira fase do Modernismo  e a perspectiva universalista da segunda, podendo ser considerados uma síntese de ambas as gerações, além de alicerces de nossa produção literária contemporânea.
As narrativas mitopoéticas de Guimarães Rosa, as narrativas que roçam o “indizível” de Clarice Lispector e a poesia substantiva de João Cabral constituem, portanto, enriquecimentos e lapidações das experiências modernistas mais expressivas, desenvolvidas em nosso país.

Televisão: informação ou alienação?